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terça-feira, fevereiro 17, 2004
No dia do relatório Hutton, algumas vozes alertaram que o próximo director iria ser nomeado pelo próprio Blair e daí partiram para o ataque à televisão estatal.
Se este caso prova alguma coisa, prova a possibilidade de ter uma televisão estatal independente do governo. O director em exercício também tinha sido nomeado por Blair. No entanto, é verdade que todo este escândalo poderá influenciar o novo director a ter uma posição editorial mais moderada em relação ao governo – o que terá sido uma das razões originais deste arrufo.

Os defensores da privatização das televisões têm como argumento central essa dependência implícita do governo. No entanto, é conhecido que as corporações privadas de comunicação nos Estados Unidos tendem a ser mais influenciáveis pelos governos [independentemente do partido] que as televisões estatais europeias.
O governo americano, através da sua actuação política, impõe às corporações uma auto-censura editorial. Um caso recente foi a recusa de um spot publicitário crítico das políticas de Bush no intervalo da transmissão exclusiva da final do campeonato de futebol americano. Um spot de Bush não foi recusado. A administração Bush tinha aprovado recentemente a possibilidade desta cadeia expandir o seu império.

Aparentemente, os “conselhos editoriais” dos serviços de secretos decidiram ignorar os agentes e analistas que discordavam da tese da existência das ADM.
Tradicionalmente os relatórios sobre segurança devem ser imparciais, ser secundados por provas e apresentar todos os factos. A acreditar cegamente nos políticos – como nos ensina Hutton – só podemos concluir que os serviços secretos fizeram esta auto-censura internamente. As vozes críticas na comunidade das agências de informação acusam as lideranças de quererem satisfazer o poder político pelo qual foram nomeados.
Mas se aceitássemos o argumento acima descrito em relação às televisões estatais, seria altura agora para exigir a imediata privatização dos serviços secretos.

Entretanto, a extensiva troca de mensagens com correcções do governo britânico e aceites pelos serviços de informação passou incólume a apreciação de Hutton.
É caso para perguntar: o que teria acontecido se aquela troca de correspondência tivesse sido entre o governo e a BBC?

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