<$BlogRSDURL$>
domingo, março 27, 2005

Enfado :: O Arquitecto e o Sultão:

Um náufrago dá à costa de uma ilha. o Sultão da ilha, ao sabê-lo arquitecto, encomenda-lhe um palácio para o seu harém. O arquitecto agradecido pela oportunidade mete as mãos à obra, confiando na justeza e generosidade do seu cliente. A obra deslumbra o Sultão que, temendo a divulgação dos segredos do seu palácio, manda executar o arquitecto.

Armei-me em Borges e reduzi uma estória de página e meia a um parágrafo (ler a estória completa O Arquitecto e o Sultão).


Quando li esta estória pensei que seria uma inspirada metáfora a respeito da prática profissional em Portugal. No entanto, é a estória de um arquitecto português naufragado na costa indonésia que, a ser verdade (e mesmo que não seja), deveria ser ensinada nas (inúmeras) faculdades de arquitectura portuguesas – ou fazer parte dos cursos obrigatórios na ordem dos arquitectos.

A borla não compensa! E se nem todos os clientes chegarão aos extremos do Sultão, a verdade é que a vontade de trabalhar nunca se deve sobrepor à necessidade (obrigatoriedade) de ser pago adequadamente. A ilusão de que um trabalho construído trará outros não passa disso mesmo – uma ilusão. A quimera de que um trabalho emblemático justifica um desconto à instituição adjudicatária pela visibilidade que dará ao arquitecto não passa de um logro. Só o respeito e o profissionalismo promovem o trabalho de cada arquitecto e não se podem dar de barato.

A borla não compensa! Numa profissão de prestação de serviços, ao contrário do que a nossa ordem pensa, a perda do respeito e do profissionalismo paga-se cara.
Ler texto completo:

Etiquetas: