quinta-feira, fevereiro 17, 2005
Os governos de Cavaco dissiparam alguma dúvida que houvesse em mim a respeito das maiorias absolutas. As maiorias absolutas em Portugal foram até hoje ditaduras da maioria. Dar a um partido uma maioria absoluta é dar-lhes quatro anos de carta branca para governar. É preciso muita confiança nesse partido e em quem o lidera.
Em Inglaterra, onde os lugares parlamentares dependem mais dos eleitores do que dos partidos, são muitas vezes os parlamentares do partido do governo a fazer oposição e a mudar o curso de certas opções governativas. O governo é obrigado a negociar com os seus próprios parlamentares - representantes da população.
Em Portugal, a disciplina partidária imposta parlamentarmente impede uma verdadeira actividade parlamentar. Uma maioria absoluta dispensa o parlamento.
A ausência de Sócrates dos debates parece demonstrar uma incapacidade para o diálogo e para a negociação. Uma maioria absoluta sem estas qualidades é uma maioria perigosa - mas quem é que precisa destas qualidades se tem a maioria?
Quando Guterres ganhou as primeiras eleições, "falhando" a maioria absoluta, apresentava-se como o candidato do diálogo e da abertura de ideias. A inclusão e a abertura contra a exclusão e a estreiteza da maioria de Cavaco. Apresentava-se assim depois de árdua preparação com o congresso "Portugal e Futuro" e a aparente abertura e diálogo com a sociedade civil. Pedia a maioria absoluta dando a impressão de ter com ele mais do que o PS, de ter com ele uma importante quantidade de independentes.
O PS de agora (digo o PS e não Sócrates) pede a maioria absoluta para quê? Com que objectivo? Porquê?
Pedro Oliveira dá três razões para a maioria absoluta:
Vital Moreira critica implicitamente a posição do BE e do PCP por estarem apenas...
O "perigo" da maioria absoluta é mesmo esse: permitir a uma maioria que nem sequer representa 50% dos votantes (e muito menos dos eleitores) introduzir as reformas que quiser sem precisar de se entender com ninguém. É essa a definição de um governo absoluto e a questão é se é possível aceitar esse risco.Ler texto completo:
Em Inglaterra, onde os lugares parlamentares dependem mais dos eleitores do que dos partidos, são muitas vezes os parlamentares do partido do governo a fazer oposição e a mudar o curso de certas opções governativas. O governo é obrigado a negociar com os seus próprios parlamentares - representantes da população.
Em Portugal, a disciplina partidária imposta parlamentarmente impede uma verdadeira actividade parlamentar. Uma maioria absoluta dispensa o parlamento.
A ausência de Sócrates dos debates parece demonstrar uma incapacidade para o diálogo e para a negociação. Uma maioria absoluta sem estas qualidades é uma maioria perigosa - mas quem é que precisa destas qualidades se tem a maioria?
Quando Guterres ganhou as primeiras eleições, "falhando" a maioria absoluta, apresentava-se como o candidato do diálogo e da abertura de ideias. A inclusão e a abertura contra a exclusão e a estreiteza da maioria de Cavaco. Apresentava-se assim depois de árdua preparação com o congresso "Portugal e Futuro" e a aparente abertura e diálogo com a sociedade civil. Pedia a maioria absoluta dando a impressão de ter com ele mais do que o PS, de ter com ele uma importante quantidade de independentes.
O PS de agora (digo o PS e não Sócrates) pede a maioria absoluta para quê? Com que objectivo? Porquê?
Pedro Oliveira dá três razões para a maioria absoluta:
Primeiro, o governo anterior tinha maioria absoluta e tal não lhe garantiu estabilidade. Segundo, para os governantes se portarem melhor a maioria absoluta não é condição suficiente nem necessária. Terceiro, uma versão PS do "Deixem-nos trabalhar"?Barnabé | Maturidade:
[1] estabilidade governativa [...] precisamos de nos livrar dos folhetins baratos que nos consumiram nos últimos meses. [...] Precisamos de um governo que faça o seu trabalho durante quatro anos e seja julgado no fim.
Tiros no pé dispensam comentários.Barnabé | Maturidade:
[2] o programa e a equipa[...] Mau-grado as suas insuficiências[...] Talvez lhe falte alguma ambição
Eu sim. Após as duas maiorias absolutas de Cavaco qualquer pessoa de esquerda tremia de pensar em mais uma legislatura do PSD. O fantasma da instabilidade sem maioria absoluta também por lá andava. A alternativa BE parlamentar ainda não existia e o PS parecia ter catalizado a tal sociedade civil. A mim não me restam dúvidas: se algum dia houve condições e justificações para votar PS foi nessas eleições. Ainda assim resisti.Barnabé | Maturidade:
[3] Mas agora pensem: lembram-se de viver um momento tão incerto e angustiante como este nos últimos vinte anos? Eu não.
Vital Moreira critica implicitamente a posição do BE e do PCP por estarem apenas...
Mas, segundo o próprio Vital Moreira, o PS necessita a maioria absoluta para avançar com as...Aba da Causa | Governos de coligação:
disponíveis para apoiar políticas "de esquerda" (naturalmente segundo o seu próprio entendimento), o que significa a sua indisponibilidade para compartilhar outras soluções que não as suas.
...indisponibilizando-se para compartilhar soluções que não as suas, acrescento eu.Aba da Causa | Governos de coligação:
reformas que sob o ponto de vista do PS são imprescindíveis para aumentar a eficiência dos serviços públicos
O "perigo" da maioria absoluta é mesmo esse: permitir a uma maioria que nem sequer representa 50% dos votantes (e muito menos dos eleitores) introduzir as reformas que quiser sem precisar de se entender com ninguém. É essa a definição de um governo absoluto e a questão é se é possível aceitar esse risco.Ler texto completo:
Etiquetas: Democracia, Política Nacional