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segunda-feira, agosto 16, 2004

Série: O Ensino da Arquitectura - estórias breves
(6)

A multiplicação dos cursos de arquitectura começou nos anos oitenta com a abertura dos cursos da Universidade Lusíada e de Coimbra.

Poder-se-ia inocentemente pensar que esta multiplicação dos cursos fora uma resposta à famosa regra capitalista da oferta seguindo a procura.

No entanto, arquitectura não foi o primeiro curso a multiplicar-se. Em meados dos anos oitenta, surgiu um chorrilho de escolas superiores de gestão, marketing, relações internacionais... enfim, este crescimento descontrolado do ensino superior privado foi feito não só à custa de dinheiros comunitários, mas também de cursos cujo investimento era mínimo - um espaço, cadeiras e professores - os famosos cursos de "papel e lápis".

A função política deste crescimento desordenado, sob a capa da "liberalização" e "democratização" do ensino superior, foi aumentar o índice de licenciados e reduzir o índice de desemprego, mas principalmente preparar o aumento das propinas no ensino superior público.

Finalmente a necessária organização chegou por decreto: as escolas do ensino superior privado tiveram de se organizar em universidades. Para tal necessitaram diversificar a sua oferta a outras áreas do conhecimento.

O curso de arquitectura, esse curso original, era técnico o suficiente para diversificar e não tinha grandes requisitos de investimentos. Este curso técnico - antes do advento dos computadores e tendo como referência as pobres instalações das faculdades públicas nacionais - era muito mais atractivo do que as alternativas engenharias, medicinas, ciências com todos os seus laboratórios, oficinas e maquinarias.

Os cursos de arquitectura, fruto da necessidade, tornaram-se escolha preferencial de uma grande parte dos candidatos ao ensino superior - fruto talvez do investimento na formação de profissionais do marketing dos anos anteriores.

O Ministério de Educação assinou de cruz a criação destes cursos, e a Ordem (então Associação) dos Arquitectos assistiu passivamente.

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Nota: os dados nestes textos foram recolhidos ao longo dos anos e através de vários contactos formais e informais - podem não ser totalmente exactos ou estar ultrapassados.

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